sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Publicidade que NÃO me sorri

Junto com as palavras mãe/bebê parece q tem um anexo “consumidor potencial”, e lá estão nossos emails abarrotados de span’s de lojas de roupinhas, brinquedos,fraldinhas, e zilhões de apetrechos com frases do tipo “mamãe que ama seu bebê usa”.
Li recentemente um livro maravilhoso A Publicidade é um cadáver que nos sorri” do Oliviero Toscani, aquele fotógrafo que mudou a cara das campanhas publicitárias da Benetton, lembra daquela campanha United Colors of Benetton? (se não, digita no Google images e viaje nas fotos, vale a pena conhecer!). Ele colocou o mundo da moda de cabeça pra baixo quando dispensou as pálidas e anoréxicas modelos e passou usar imagens que provocavam a sociedade. Suas peças ilustravam a guerra, a AIDS, as diferenças raciais,o sexo  e isso instigou sérias discussões e revolta por muitos países, que chegaram ao ponto de proibir a veiculação. Já no primeiro capítulo chamado de Aleluia! O Neném faz Xixi Azulzinho!” ele relata o fantasioso mundo asséptico da publicidade infantil, bebês de bumbum gordinho, branquinho, com cores pastéis vendendo uma idéia surreal de felicidade sem cheiro de cocô, até seus xixis eram azulzinhos!
Eu vou contar uma coisa, queria muito ter uma profissão p me orgulhar, mas tô nessa pra questionar!Desde que me apresentaram o que ela era eu já sabia que minha praia era ser "do contra", como pode? Kkk Claro que tem muita coisa bacana, mas tenho pensado: que tipo de “consumidorzinho” estou colocando na sociedade? Em um mundo onde o TER se sobrepõe ao SER, o consumo à cidadania, o título do livro é seguro ao afirmar que a publicidade é um cadáver, pois apesar de vender essas idéias, ela já está há muito morta, morta em termos criativos e morais.
Desde a gravidez nós já somos alvo facinho, facinho...se a gente parar aqui pra fazer uma listinha das coisinhas meigas, fofas e...INÚTEIS q a gente compra e só dpois se dá conta que foi $ jogado no lixo vai faltar espaço...Isso pensando nas pseudoÚTEIS pq nem vamos falar das FÚTEIS, né gente??? Claro que adoro umas coisinhas bacanas, quero meu filho sempre lindo e cheio de estilo e não me privo de umas pecinhas de marcas legais, mas sem abrir mão dos pijaminhas feitos pela biza. O desequilíbrio que cito aqui é  aquela necessidade exagerada de TER tudo, deixando que o comércio dite o que é ou não necessário pro filho que é NOSSO e não deles.
Vamos combinar? Uma geração tecnologicamente robótica tem suas vantagens e não quero privar meu filho disso visto que já sabe direitinho como destruir um celular, um note, Tb gosto de jogos e um Playstation não é um “demonho” como muitos dizem, mas incentivar o uso dessa tecnologia sem regras e sem freios, não. Não saber equilibrar o uso delas tem levado muitos pais a procurarem psicólogos por conta da reclusão social dos filhos – que aprendem desde muito cedo as facilidades de ser virtual, do estereótipo e mal sabem se expressar na vida real.
Quero q aprenda a ser individual, ser autêntico, que se divirta com a moda sem depender dela pra se “incluir” na galera dele.Quero que saiba que o “diferente” não é um defeito, e que mesmo que nas propagandas da TV não mostre essas diferenças, ele vai encontrá-las por toda vida, e que não precisa fazer cara de espanto qdo ver alguém deficiente (como seu bizo), já que eles só aparecem nos comerciais em campanhas institucionais (p cumprir tabela).Quero levá-lo um dia à Disney,mas que ele não volte deslumbrado e esnobe achando que o país dele é uma porcaria, não quero que ele tenha esse comportamento que, infelizmente, nosso povo AINDA tem, de lamber as botas dos gringos e achar que tudo que é estrangeiro que chega aqui merece capa de revista. Quero também que ele saiba apreciar a beleza de uma mulher, da gordinha, baixinha, da alta, preta, branca, oriental, e não seja mais um babaca que procura bombadas de voz grossa pra desfilar achando que é o tal.

Na minha opinião, uma forma prática de me proteger e tb minha cria é deixar o lado emocional no último lugar e fazer algumas perguntinhas básicas antes de sair fazendo #alakadascomprasinfantis como: “é útil?” “ele vai usar 5 minutos e vai esquecer q isso existe?” “eu tenho $ p comprar ou to fazendo só p agradar?” e assim, comprar ou não isso ou aquilo.

Acredito na publicidade que vai além do comprar por comprar, acredito no consumo consciente que tem mudado conceitos e colocado no mercado tantas opções legais, brexós com muitas coisas que podem ser reutilizadas pq ainda estão novinhas, acredito que no mesmo baú podem habitar harmonicamente Fisher Price’s e carrinhos de madeira, e que um super herói pode ser legal sem que tenha q estampar desde a cama, as roupas, acessórios, até a cueca –tudosimultaneamente – não quero que ele vire cópia...Pq ele é ÚNICO.
UTOPIA? Não sei, mas diga aí o q vc acha que estou no segundo post e tenho ainda muuuuita coisa pra aprender com vocês!
Agradeço ao Toscani, que me mostrou que fazer publicidade é ir além de vender jeans e pullôveres:


 

11 comentários:

Flavia Bernardo disse...

Cíntia,
adorei o post! Lembro de ter ouvido vc comentando sobre esse livro no twitter...belo texto pra reflexão numa época que o consumismo tá desenfreado. Muitas vezes compramos por impulso, ou por sermos seduzidas por uma embalagem bonita ou comercial atrativo. Fazer essas perguntinhas antes de decidir comprar algo pode ser muito útil pra salvar nossas faturas de cartão de crédito! rsrsrsrs

Adorei o blog!
Bjs
Flavia
@flaviapbernardo

Dani Brito disse...

Cíntia!!!! Que texto mais bacana...
Agora, me diz, quer aprender mais o quê? rs

Concordo e sou adepta do consumo consciente. Minha mãe foi assim comigo e estou repassando os valore para os meus filhos. Quando entramos numa loja de brinquedos e vejo minha filha se vislumbrar com umas bonecas, mas ao saber quanto custam, ela mesma diz: não vale!
Ela tem apenas 8 anos, mas quero muito, que ela continue assim. E vc tocou num ponto super importante, o de usar o consumo como meio de inclusão.
Não quero filhos apenas descolados, quero criar humanos conscientes!

(adorava as campanhas da Benetton)

Beijo

Thais disse...

Adorei o texto!
Eu nunca tive uma situação financeira muito boa, pra sair comprando tudo do bom e do melhor. Sempre fui de comprar o que precisava. Tá, sou de TI e não abri mão de um note phoda e de um iphone rs Mas de resto sou muito tranquila com compras. O mesmo não vale para comida. Adorooo comer em bons restaurantes, gosto muito de uma comida boa.
Mas consumismo por consumismo não.

Porém, tenho um marido ultra, mega, plus consumista, viciado em jogos, blu-rays e afins. Não tem 1 semana q não chegue um filme por aqui. E sabe qual é a desculpa agora? "É um desenho da Disney pro João!"!!! Alouuuu??? O João nem nasceu ainda, gente!
O mesmo vale para as comprinhas pro João. Por ele, já saímos comprando de tudo: móveis, roupinas e tal. Mas nem temos certeza ainda se é mesmo o João! Mas o negócio dele é comprar.. E isso me dá medo! Medo q meu filho siga os passos, essa fome desvairada por comprar.

E outra: marido adora ficar em casa vendo filme, jogando. Fui criada num condominio de predios, jogando queimado, volei, indo pra piscina nadar, andando de bicicleta ou de patins, jogava handball no colégio. Quero muito q meu filho seja saudável, goste de esporte, soltar cafifa. Ele pode até gostar dos filmes e jogos, mas tem q ter vida fora de casa, entende?

Ai, muito complexa essa tarefa de ser mãe e educar rsrs Isso pq tá só no começo rsrs

Beijinhos!

Camila Faria disse...

Adorei seu texto. A publicidade nos ataca diretamente, principalmente aos nossos pequenos seres humanos ainda em formação. Sou contra publicidade embutida em desenhos e filmes, que acontece muito. Te atinge no ponto mais fraco do ser humano: consumismo. Se não tiver vc não é ninguem!

Unknown disse...

Cíntia,
Sou profissional da área de marketing, uma das coisas que eu mais discuto e recrimino é esse fato de "vender" a qlqr custo, principalmente para o público infantil.
Inclusive isso vira embate entre eu e meus colegas de profissão que não têm filhos, é difícil e infelizmente somente nós podemos lutar contra isso, não cedendo!

Thaty disse...

Concordo plenamente com você: o negócio não é bater de frente contra o consumismo ou a propaganda e virar militante xiita. É mais simples (ou não): educar em casa.

Beijos
Tati
Mulher & Mãe

Layana disse...

Oi Cíntia

Gostei do seu blog, vi numa dica da tatiana passagem, no twitter. Tens umas idéias que combinam com as minhas.
Vida longa ao blog

Aretusa disse...

Oi, Cintia, ontem mesmo começamos uma conversa numa comunidade do orkut sobre o assunto, o quanto somos bombardeadas por propagandas e o quanto nossos filhos também estão sendo, e como lidar com isso!!
Adorei o post, viu?
Aqui estamos na maior "perenga" sobre comprar ou não Ovo de Páscoa para minha filha de 2 anos que sequer gosta de chocolate, seria comprar pra ela ganhar um brinquedinho apenas e não ficar de fora da tradição ou simplesmente não comprar, porque ela não vai comer e nem precisa dos brinquedinhos
"fuleiros"?
Bem, só pra terminar, é por isso que acho que essas trocas de informações entre as mães (e pais) nos blogs, sites e comunidades interessantes e ricas, ajudam você a refletir melhor.
Beijocas.

Unknown disse...

Gostei muito do seu post.
Nós como mães temos como dever criar nossos filhos para o consumo consciente, tem que partir de nós ensiná-los com nosso exemplo. Senão eles também serão "compradores compulsivos" !
Parabéns pelo blog.

Bjs

Elaina
http://www.vidademae.net/

Unknown disse...

Adorei! fiquei com vonteade de ler esse livro tb. Já vai pra minha lista! Aqui em casa analisar propagandas virou divertimento da família...rsrsrsrs Acho muito importante criarmos nossos pequenos dando a eles mais noção de consumo consciente.

@raquelapenas disse...

É por isso q o Nicolas tem apenas um arco de atividades, uma roletinha de atividades, uma bola, alguns mordedores, uma caixa e uma garrafa PET, e se diverte horrores com isso rs.

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